No próximo dia 8 de dezembro, solenidade da Imaculada Conceição, o Papa Francisco abrirá a Porta Santa na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Começará, então, o Ano Santo da Misericórdia. Nas dioceses do mundo todo esse Ano será aberto no domingo seguinte, dia 13 de dezembro; em cada uma delas haverá a Porta da Misericórdia. Aqui na Arquidiocese teremos uma no Santuário do Senhor Bom Jesus do Bonfim, que será aberta no próximo domingo, dia 13, às 16h, e outra no Santuário de Santo Antônio de Sant´Anna Galvão, em Cachoeira, que será aberta no dia 20 de dezembro, também às 16h. Atravessar essa Porta será como que deixar-nos “abraçar pela misericórdia de Deus” (cf. MV) e comprometer-nos a “ser misericordiosos com os outros como o Pai o é conosco”.
O tema da misericórdia está no coração do atual sucessor de Pedro desde o início de seu pontificado. Ele explica: “Precisamos contemplar sempre o mistério da misericórdia. É fonte de alegria, serenidade e paz. É condição de nossa salvação”. Fazendo uma experiência viva da misericórdia de Deus (sua misericórdia é “sempre maior do que qualquer pecado”) teremos condições de testemunhar, “com mais entusiasmo e convicção”, a nossa fé.
​            Há os que têm uma imagem negativa de Deus; há os que têm medo do seu poder. Por isso, Santo Tomás de Aquino († 1274) afirmava: “É próprio de Deus usar de misericórdia e, nisso, se manifesta de modo especial a sua onipotência”. O Salmista, no Salmo 136, canta: “Eterna é a sua misericórdia”. Essa misericórdia “se tornou visível e palpável em toda a vida de Jesus”. Jesus era movido unicamente pela misericórdia; compreende-se, pois, que esse fosse um tema recorrente em suas pregações. Para que todos o entendessem, explicou-se em parábolas como a da ovelha perdida, da moeda encontrada, do pai e seus dois filhos etc. “Nessas parábolas, Deus é apresentado sempre cheio de alegria, sobretudo quando perdoa. Nelas encontramos o núcleo do Evangelho”.
​            Uma vez que “Deus é rico em misericórdia” (Ef 2,4), nós, seus filhos, não podemos ser diferentes: nosso agir deve ser revestido por essa virtude, pois por ela é que demonstraremos ser verdadeiros filhos de Deus. Somos chamados a ser misericordiosos porque nós mesmos fomos os primeiros a experimentar o quanto faz bem ser envolvidos pela misericórdia. Com propriedade, o Papa Francisco escolheu, para orientar este Ano Jubilar, o tema “Misericordiosos como o Pai”.
​            A Igreja existe para apresentar o rosto misericordioso do Criador e do Redentor. Por isso, toda a sua ação pastoral deve estar “envolvida pela ternura com que se dirige aos fiéis e ter como objetivo aproximar os homens e as mulheres das fontes da misericórdia do Salvador”.
​            Ao longo do Ano Santo seremos convidados a escutar a Palavra de Deus, para nos convencermos de que, cuidando das fraquezas e das dificuldades de nossos irmãos, estamos buscando o essencial. Outra peculiaridade desse Ano se consistirá da peregrinação, especialmente para passar pela Porta da Misericórdia (“cada pessoa deverá fazer, segundo as próprias forças, uma peregrinação” durante esse período).
​            “Este é o momento favorável para mudar de vida!”, proclama nosso Papa. Saibamos abandonar o caminho do mal, que “é fonte apenas de ilusão e tristeza. A verdadeira vida é outra coisa. Deus não se cansa de nos estender a mão”. Afinal, sua misericórdia se estende “de geração em geração” (Lc 1,50), segundo cantou Maria, a Mãe de Jesus.
​            Durante esse Jubileu, que terminará no dia 20 de novembro de 2016, deixemo-nos surpreender por Deus, já que Ele “nunca se cansa de escancarar a porta do seu coração, para repetir que nos ama e que deseja partilhar conosco a sua vida”.
 

Dom Murilo S.R. Krieger, scj

Arcebispo de São Salvador da Bahia  e Primaz do Brasil

 

LITURGIA DIÁRIA