Com alegria e gratidão, ex-alunas, funcionários e colaboradores do Instituto Feminino da Bahia participaram, neste domingo (01), da Santa Missa pelo aniversário da instituição, que completará 100 anos no próximo dia 5 de outubro. A Celebração Eucarística, realizada na Catedral Basílica do Santíssimo Salvador, foi presidida pelo bispo auxiliar, Dom Valter Magno de Carvalho, e concelebrada pelo cônego José Abel Pinheiro; e pelo capelão da Capela do Divino Espírito Santo, padre Danilo Pinto.

“Esta Missa em ação de graças pelo centenário do Instituto nos coloca diante de Deus em atitude de gratidão por tudo aquilo que foi vivido, assumido e realizado ao longo desses 100 anos. Mas, também, nos coloca com o olhar voltado para o futuro, com o desejo de continuarmos fazendo com que o Instituto continue tendo uma marca forte, uma marca humanista-cristã, que de fato ajude as pessoas a poderem se aproximar, cada vez mais, sendo sinais de Deus, sendo luz e sal, nessa sociedade tão marcada por tantas situações e contra-valores ao Evangelho. Nós queremos pedir a Deus que abençoe o Instituto, para que ele possa continuar realizando a obra querida por seus fundadores, dona Henriqueta e o monsenhor Flaviano. Pedimos a Deus que na Sua bondade, Ele nos assista com a Sua graça para continuarmos realizando essa bela obra, continuando a construir a sua história”, disse Dom Valter.

Por ser o dia 1º de outubro dedicado à memória litúrgica de Santa Teresinha do Menino Jesus – padroeira do Instituto -, próximo ao altar foi colocada uma imagem da santa das rosas. Ao final da Santa Missa, rosas vermelhas, brancas e amarelas foram distribuídas aos fiéis. “Na alegria de celebrar este centenário, estivemos na Catedral Basílica do Santíssimo Salvador, onde monsenhor Flaviano foi cura. O Instituto Feminino começou com a Casa São Vicente, aqui perto da Catedral, no Terreiro de Jesus, número 15. Também dona Henriqueta tinha sempre o hábito de vir à Catedral para rezar e para agradecer a Deus por esta obra. Hoje, nós repetimos esse gesto: agradecer para alargar horizontes. Que o Instituto Feminino, a partir de agora, dê novos passos para entender, compreender e dialogar com a sociedade atual e também hoje poder falar às mulheres baianas que esperam por nossa ajuda, para poder ter voz, ter vez e ser mais.  Que o Instituto Feminino possa ajudar o futuro do mundo a ser melhor”, disse a diretora da Fundação Instituto Feminino da Bahia, Andréa Bulcão.

Em memória a Santa Teresinha do Menino Jesus, rosas foram distribuídas – Foto Sara Gomes

O museu

Ainda como parte dos festejos pelos 100 anos de missão, no próximo dia 5 de outubro será reaberto o Museu Henriqueta Martins Catharino, localizado na sede do Instituto Feminino da Bahia (Rua Politeama, 2, Politeama, Salvador). O evento terá início às 16h e será aberto ao público.

Para quem não conhece, cada pequeno detalhe deste museu foi construído a partir da dedicação de Henriqueta Martins Catharino e do Monsenhor Flaviano Osório Pimentel que, movidos pela fé e pelo amor ao próximo, desejavam contribuir, de maneira concreta, para a melhoria da qualidade de vida de mulheres, e juntos, em 1923, deram os primeiros passos através da educação e da ação social. De fato, naquele ano, as mulheres começaram a contar com iniciativas que a valorizavam e permitiam que elas pudessem dar saltos cada vez mais altos na profissionalização.

Em 5 de outubro de 1923, o sonho começava a tomar forma e teve início a Casa São Vicente, com sede na Praça Quinze de Novembro, Terreiro de Jesus, onde passou a funcionar a “Obra de Proteção à Moça que Trabalha”. O espaço, que contava com uma biblioteca e com salas de leitura, abrigava, ainda, agências de trabalhos manuais e de empregos, além de pensionato para moças e restaurante para senhoras e jovens.

Com o tempo, a missão e o compromisso só aumentavam, o que conferiu ao trabalho o reconhecimento e a oficialização, pelo governo, em 21 de março de 1929, e a escola recebeu o título de Instituto Feminino da Bahia; e, em 27 de junho do mesmo ano, obteve a declaração de utilidade pública estadual. Além dos cursos que permitiram avanços de muitas moças no mercado de trabalho, o IFB foi, também, guardando objetos históricos, o que possibilitou a criação do Museu Henriqueta Martins Catharino, em homenagem à fundadora, formado por três coleções: Traje e Têxtil, Arte Popular e Arte Decorativa. Na Arte Decorativa estão mobiliários, cristais, pinturas, pratarias e inúmeras peças dos séculos XVIII, XIX e XX. Toda a coleção foi formada por doações de famílias baianas, mas também a partir de algumas viagens de dona Henriqueta.

Estas doações vão desde as mais comuns, como mesas e cadeiras, às mais inimagináveis, a exemplo de joias feitas com cabelos. Pode parecer fúnebre para os dias atuais, mas no século passado as mulheres eram presenteadas com colares, brincos, pulseiras e braceletes produzidos com os próprios cabelos, ou de pessoas já falecidas. Estranho, mas curioso, né?

Se essas peças são curiosas, imagine as peças raras, ou melhor, raríssimas que estão no local. Uma delas é o crucifixo que a Sóror Joana Angélica de Jesus utilizava quando foi assassinada a golpes de machado, em 19 de fevereiro de 1822, na porta principal do Convento da Lapa, em Salvador, quando tentava defender, com a própria vida, a invasão dos soldados portugueses e a morte das demais religiosas.

Ainda como parte do acervo, quem visita o Museu Henriqueta Martins Catharino pode conferir a saia e a cauda utilizadas pela Princesa Isabel no dia 13 de maio de 1888, quando assinou a Lei Áurea, bem como trajes de baile, festas e passeios, roupas de cama e mesa, além de acessórios femininos, vestes eclesiásticas, a exemplo do solidéu do Papa Pio X e paramentos utilizados pelo Papa João Paulo II, hoje, São João Paulo II.

Mas não para por aí! O prédio histórico guarda outros objetos que ajudam a preservar a memória da Bahia, disponíveis para visitação na coleção Arte Popular, a primeira deste gênero no Estado, que também contempla peças de outras partes do mundo, e é composta por cerâmicas, ferro, cestaria, artesanatos em geral, do Brasil e de outros países.

Fonte: Arquidiocese de Salvador

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