A grande pergunta que precisamos nos fazer é: Como posso entender o que estou fazendo no mundo? Como aprofundar a minha utilidade na vida cotidiana deste mundo, muitas vezes violento e cheio de contraposições?
Para podermos responder a estas perguntas, faz-se necessário descobrir qual é o sentido do mundo, qual é o seu significado. Com a nossa inteligência não conseguimos explicar o significado na sua totalidade, tanto é verdade que continuamente os cientistas descobrem algo novo, algo que até então era desconhecido e misterioso.
São Paulo nos ajuda quando escreve: “Ele fez nascer de um só homem todo o gênero humano, para que habitasse sobre toda a face da terra. Fixou aos povos os tempos e os limites de sua habitação. Tudo isso porque procurem a Deus e se esforcem para encontrá-Lo como que às apalpadelas, pois na verdade Ele não está longe de cada um de nós.” (At 17, 26-27)
Sem o conhecimento de Deus permaneceríamos no escuro, sem descobrir o sentido do mundo e a nossa utilidade na vida que aqui se desenvolve. Precisou da iniciativa de Deus que, movido pela compaixão diante da situação humana, entrou na história para nos revelar o que sozinhos nunca teríamos a capacidade de conhecer. O Mistério divino tornou-se homem para ajudar os homens a serem si mesmos, para revelar o sentido mais profundo do mundo e assim ajudar-nos entender o significado da vida.
Para descrever o significado do mundo Jesus usou a expressão Reino de Deus. Com quantas parábolas Ele quis tornar familiar esta definição, para nos dizer que todo o valor da realidade está em construir o Reino de Deus, em participar de modo consciente e responsável da construção de um mundo que corresponda ao Ideal que se fez carne. Com suas palavras e gestos, Jesus deu uma contribuição fundamental para ajudar-nos a entender o nosso lugar no mundo, como diz o canto: “Quando Jesus passar eu quero estar no meu lugar”.
O valor de cada um de nós está na medida em que colaboramos com o Reino de Deus, na medida em que ajudamos aos outros a caminhar rumo à verdadeira felicidade. O mesmo Jesus nos alerta: “De que adianta ganhar o mundo inteiro se depois perde a si mesmo?”
Participar do Reino de Deus significa reconhecer a Sua presença entre nós, através da qual proporciona a cada um a possibilidade de alcançar a realização plena de sua própria vida, de sua felicidade profunda. É o mesmo Jesus que o promete: “A quem deixar tudo para me seguir darei o cêntuplo aqui na terra, mais a vida eterna.”
É bom encontrar momentos de silêncio durante o dia para retomarmos estas palavras, comparar com a vida, dialogar com os familiares, encontrar modalidades para tornar experiência o que a Igreja nos propõe.
Nestes dias tive a oportunidade de dialogar, no programa de rádio ‘Jesus Cristo Redentor dos homens’, com a jovem Franciele, que vive a experiência de fé a partir do carisma do Movimento dos Focoláres. O entusiasmo com o qual respondia as perguntas, relatando como procurava viver dentro das circunstâncias concretas o Amor de Deus, me encheu de comoção e de gratidão, porque é o testemunho vivo de como Jesus não tira a liberdade e a felicidade, mas as leva à plenitude.
Refletir sobre o que procurei oferecer nestas duas primeiras colocações vai ajudar a ter mais consciência a respeito de quem sou eu, de o que estou fazendo no mundo e qual é o sentido do mundo.
“Para a escolha da vocação, portanto, só pode haver um critério: de que forma eu, com tudo aquilo que sou espiritual ou intelectualmente, enquanto temperamento, enquanto educação e enquanto físico, posso servir mais o Reino de Deus?” (Dom Giussani)
Dom Guido Zendron
Bispo da Diocese de Paulo Afonso