Dom Gilson Andrade da Silva – Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Salvador e Secretário da CNBB no Regional Nordeste 3
Com a recente publicação das estatísticas dos números da Igreja católica, observa-se alguma oscilação no número de vocações sacerdotais dependendo dos continentes ou do fato de serem padres diocesanos ou religiosos. A situação deve levar os católicos a uma séria reflexão sobre a responsabilidade de todos na promoção vocacional. Lembro-me que São João Paulo II dizia que “toda vocação é um dom que Deus faz a uma comunidade que reza”. A oração pelas vocações é o método primeiro e mais eficaz para alcançar as vocações de que necessitamos. Nesses anos de ministério sacerdotal, inúmeras vezes ouvi testemunhos de dioceses favorecidas por um bom número de vocações sacerdotais, em que na origem há sempre alguém, especialmente um bispo, que procurou empenhar-se em iniciativas de oração vocacional nas comunidades.
Nosso Senhor estabeleceu a necessidade de se pedir ao Senhor da messe que enviasse trabalhadores para a colheita (cf. Lc 10, 2). Neste sentido, faz-se necessária, além de uma maior conscientização dos fieis, suscitar iniciativas que levem as pessoas e as comunidades a diariamente elevarem aos céus esse pedido insistente. O apelo precisa chegar às famílias, à catequese, aos movimentos eclesiais, comunidades, pastorais e grupos, para que seja unânime hoje a súplica da Igreja a fim de que o Senhor nos conceda os padres e os consagrados de que precisamos e que são indispensáveis para a dinâmica da vida eclesial.
Entendo que o tema vocacional deve ser tratado de maneira ampla, aberta; afinal, a Igreja é um povo de chamados. Esta consciência tem sido trabalhada insistentemente nas últimas décadas, de tal forma que pouco a pouco se supera aquela tendência de pensar que ao se tratar de vocação se referissem exclusivamente às de especial consagração. Porém, ao lado dessa consciência vocacional global, não se pode deixar de envidar esforços para promover sempre mais na Igreja uma cultura vocacional que desperte no coração de cada batizado o empenho sério em favor das vocações específicas: ao sacerdócio ministerial, à vida consagrada e religiosa.
O saudoso Papa São João Paulo II insistia também numa outra dimensão da animação vocacional, que me parece ainda ser tratada de forma muito tímida entre nós: o anúncio vocacional. A vocação, dizia o Papa polonês, é uma boa notícia. Ora, uma notícia assim deve estar mais presente em nossas conversas familiares e em comunidade, nos encontros com os jovens, nas redes sociais, etc. Quando hoje a comunicação se faz tão democrática, onde os protagonistas das notícias nem sempre são os profissionais da comunicação, é preciso assumir uma postura mais ousada no anúncio das vocações específicas. É precisa chamar! Muitos não respondem porque não se sentem interpelados pelo chamado de Deus. Da nossa parte o convite deve ser mais corajoso e explícito.
O mês de agosto sirva de alavanca para um novo compromisso de todos a favor das vocações sacerdotais e de especial consagração através da oração e de um anúncio alegre da boa nova da vocação.

LITURGIA DIÁRIA