O primeiro aniversário numa família é comemorado quase sempre de maneira muito efusiva, mesmo que a criança em jogo nem se dê muito conta do que está acontecendo ao seu redor. Porém, seus pais, parentes e amigos fazem questão de celebrar a alegria daquela presença daquela criatura que ensaia seus primeiros passos para despertar para a vida nesse nosso mundo. Além disso, uma criança é sempre uma promessa de bons projetos e boas realizações.
Esses dias finais do mês de julho do ano de 2014 convidam-nos à celebração de primeiro aniversário da Jornada Mundial da Juventude acontecida no Rio de Janeiro no ano passado. Quem não se recorda dos primeiros passos de Francisco entre nós? Seu gesto profético ao preferir um carro popular, seu sorriso cativante, as multidões que o encontraram com muita simplicidade pelas ruas e, sobretudo, um mar de jovens que se espraiou na areia de Copacabana naqueles poucos, mas inesquecíveis dias.
Desejávamos que ele ficasse, que nos falasse mais, que nos mostrasse mais a riqueza que nos trouxe, o Cristo. Podíamos, como os três discípulos sobre o monte, dizer: “É bom estar aqui”. Porém, Francisco, de mil modos, nos dizia em cada encontro “É bom prosseguir no caminho encontrado”. A JMJ deixou muito boas recordações, é verdade; mas deve prosseguir o seu caminho, iniciado por S. João Paulo II e projetado para alcançar jovens de várias gerações.
Recordava-me nesses dias que minha primeira experiência de Jornada foi no ano de 1989, em Santiago de Compostela. Encontrar João Paulo II, naquela ocasião, ouvi-lo, ver seus gestos de acolhida dos jovens, encheu-nos de um desejo de não parar de caminhar, de seguir em frente. No encontro com Francisco não foi diferente. Não houve uma fala sequer que o Papa não nos apontasse metas, que não nos exortasse a seguir em frente, a vislumbrar o ideal que é sempre Cristo. Assim, atualizou a caminhada da juventude católica do Brasil e do mundo inteiro. Suas palavras não podem ficar numa doce recordação e muito menos cair no esquecimento. Foram palavras de fogo que ele nos dirigiu. E deixou-nos metas concretas para continuar o caminho a fim de que a nossa geração garanta que a juventude entre num futuro mais digno da pessoa humana. Suas palavras na cerimônia de boas-vindas podem servir-nos para avaliar se estamos percorrendo o caminho ou se simplesmente nos detivemos. Assim nos disse: “A juventude é a janela pela qual o futuro entra no mundo. É a janela e, por isso, nos impõe grandes desafios. A nossa geração se demonstrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhe espaço. Isso significa: tutelar as condições materiais e imateriais para o seu pleno desenvolvimento; oferecer a ele fundamentos sólidos, sobre os quais construir a vida; garantir-lhe segurança e educação para que se torne aquilo que ele pode ser; transmitir-lhe valores duradouros pelos quais a vida mereça ser vivida, assegurar-lhe um horizonte transcendente que responda à sede de felicidade autêntica, suscitando nele a criatividade do bem; entregar-lhe a herança de um mundo que corresponda à medida da vida humana; despertar nele as melhores potencialidades para que seja sujeito do próprio amanhã e corresponsável do destino de todos. Com essas atitudes precedemos hoje o futuro que entra pela janela dos jovens.”
Dom Gilson Andrade da Silva
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Salvador da Bahia

LITURGIA DIÁRIA