O povo brasileiro, sobretudo os jovens, cansou-se de ouvir falar em corrupção, impunidade e falta de reforma política. Manifestando a insatisfação que experimentam, jovens dizem, simplesmente: “Não dá mais, temos que fazer alguma coisa, vamos mudar o Brasil”. Houve excessos de manifestantes, alguns mascarados, que depredaram patrimônios e cometeram outros abusos.
NESTA semana, o inconformismo continuou com mobilizações contra os gastos excessivos em obras de duvidosa utilidade, estádios suntuosos, contra a corrupção e deficiências em setores como saúde, educação e segurança pública. Percebeu-se, então, uma revolta que estava acobertada pelo silêncio e aparente resignação e que irrompe e se espalha pelo país.
É AINDA difícil uma projeção que indique até onde irão os protestos. Motivos para que eles existam há de sobra. A insatisfação permeia todas as camadas sociais. O grito das ruas é um alerta aos políticos e a toda a sociedade. O que querem mesmo esses manifestantes, que enchem ruas, praças e rodovias, ameaçam tomar símbolos do poder, como palácios do governo, câmaras legislativas? “Não é por 0,25 centavos”, lia-se em muitos cartazes.
A RESPOSTA está na nota da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB: “Nascidos de maneira livre e espontânea a partir das redes sociais, as mobilizações questionam a todos nós e atestam que não é possível mais viver num país com tanta desigualdade. Sustentam-se na justa e necessária reivindicação de políticas públicas para todos. Gritam contra a corrupção, a impunidade e a falta de transparência na gestão pública. Denunciam a violência contra a juventude. São, ao mesmo tempo, testemunho de que a solução dos problemas por que passa o povo brasileiro só será possível com participação de todos. Fazem, assim, renascer a esperança quando gritam: “O Gigante acordou!”
O DIREITO a manifestações como estas deve ser sempre garantido pelo Estado. De todos espera-se o respeito à paz e à ordem. Nada justifica a violência, a destruição do patrimônio público e privado, o desrespeito e a agressão a pessoas e instituições, o cerceamento à liberdade de ir e vir. Felizmente, ouve uma clara repulsa desses atos por conta dos manifestantes.
AS MANIFESTAÇÕES destes dias mostram que os brasileiros não estão dormindo em “berço esplendido”. Que essas manifestações sejam fortalecimento da participação popular nos destinos de nosso país e prenúncio de novos tempos para todos.Os jovens estão cobrando um Brasil mais honesto e justo pata todos. Que o clamor do povo seja ouvido!