“Eis o que diz o Senhor: ‘Quem oferecer sacrifícios aos deuses, e não unicamente ao Senhor, será condenado ao extermínio’” (Ex 22,19).

Dura esta palavra, não? Até mesmo absurda para os nossos politicamente corretos ouvidos, tão humanistas, tão iludidos da ilusão de que o homem é o centro, e não Deus; de que nossos juízos e visões são a verdade absoluta e inapelável, e não o desígnio do Daquele que habita nos céus, e é o nosso Criador, o nosso Senhor, a vida da nossa vida!
Mas é esta a Palavra do Santo, do Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo – e ela é inapelável, imutável, eterna como os céus! E ouso afirmar mais: esta palavra é ainda mais verdadeira para os cristãos, que viram até onde o Senhor Deus nos ama e nos leva a sério! Sim, vimos o Filho Amado na cruz, vimo-Lo como homem de dores, um farrapo físico, psicológico, moral… Nós fizemos aquilo; e o Pai deixou, entregou o Amado por nós, para mostrar o quanto somos amados, o quanto nossa liberdade é respeitada (até o limite do limite: matar Deus no nosso coração e no coração da nossa cultura e do nosso mundo…).
E, no entanto, querendo ou não, admitindo ou negando, o Senhor Deus, o Santo, o Eterno, o Bendito, é o lastro da nossa existência, é a fonte e o destino de tudo quanto somos, quanto temos, quanto vivemos! E ai de nós se, na vida, negarmos isto: viveremos na mentira, construiremos sobre o pó do nada, da ilusão!
Mas, somos assim: quanta tentação de eleger nossas prioridades, de absolutizar nossa visão, de fazer deles ídolos, verdadeiros deuses. Pois a Escritura Santa nos diz, aberta e claramente: “Eis o que diz o Senhor: ‘Quem oferecer sacrifícios aos deuses, e não unicamente ao Senhor, será condenado ao extermínio’” (Ex 22,19). Ao Senhor, só a Ele, a nossa vida, a nossa dedicação absoluta, a nossa obediência total e pronta, só a Ele o sacrifício de louvor e afeto do nosso coração e da nossa inteligência! “Quem oferecer sacrifícios aos deuses, e não unicamente ao Senhor, será condenado ao extermínio”. – Palavra dura: condenado ao extermínio, exterminado! E, no entanto, é isto mesmo: aquele que fez da vida um serviço aos ídolos deste mundo, ídolos exteriores e interiores (e os interiores são os piores!), tornar-se-á palha, pó, vento, nada, como esses malditos ídolos são… E, como eles, tornar-se-á vaidade, ilusão, vazio, carregado pelo vento do tempo, da morte sem Céu, do esquecimento… O Profeta Jeremias, angustiado e indignado nos pergunta: “O que encontraram os vossos pais em Mim de injusto, para que se afastassem de Mim e corressem atrás do vazio, tornando-se eles mesmos vazios?” (Jr 2,5) Vazios! Vazio todo aquele que volta as costas para o Deus vivo e vivificador! Ilusão, irrealidade, nada, torna-se aquele que funda a vida em si próprio e em seus malditos ídolos!
Não! Não há apelo, não há “mas” nem “porém”: “Eis o que diz o Senhor: ‘Quem oferecer sacrifícios aos deuses, e não unicamente ao Senhor, será condenado ao extermínio’”.
Querido Irmão, não brinquemos com esta tremenda palavra! Ela vem do Infinito, do Eternamente Santo, do coração de Deus! Não levemos na troça as advertências do Senhor! “Quão terrível é cair nas mãos do Deus vivo!” (Hb 10,31).

Dom Henrique Soares da Costa
Bispo auxiliar da Arquidiocese de Aracaju

LITURGIA DIÁRIA