“Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”. Motivados por esta frase da Parábola do Bom Samaritano, representantes de 20 Dioceses do Regional NE3 da CNBB – Bahia e Sergipe estiveram presentes neste final de semana (29/11 a 01/12) em Salvador para um Seminário de Estudos sobre a Campanha da Fraternidade 2020. O encontro, realizado na Casa de Retiros Frei Ludovico, foi assessorado pelo Pe. Patriky Samuel Batista, secretário executivo para Campanhas da CNBB, e deu pistas sobre como a Campanha poderá ser aplicada no próximo ano.
“Algumas novidades irão marcar a Campanha de 2020. Primeiramente o destaque não está tanto no tema, mas no lema: ‘Viu, sentiu compaixão e cuidou dele’, retirado do Evangelho de Lucas. Isso porque o centro deve ser a Palavra de Deus que nos motiva. A Igreja não é guiada por ideologias, como alguns nos acusam, mas pelo Evangelho. O tema também está bem amplo: cuidar de todas as formas de vida. Por isso, cada Diocese, paróquia e comunidade pode se perguntar: onde a vida é mais ameaçada na minha realidade?”, explicou Pe. Patriky.
O encontro começou na sexta-feira (29/11) a noite, com a abertura e uma palestra sobre “Marketing: como otimizar a Campanha para atingir o seu objetivo”, com Tiago Lima Rangel Pinto. Na manhã do sábado (30/11) foi realizada a apresentação dos participantes e o Pe. Patriky iniciou a exposição do tema da campanha motivado pelo lema: “Viu”: olhar as situações onde a vida é ameaçada nos dias atuais; “sentiu compaixão”: qual o nosso chamado enquanto discípulos de Jesus; e “cuidou dele”: como a Igreja deve cuidar da vida em nossas realidades.
Na tarde do sábado, além de uma visita ao Pelourinho (local que inspirou a elaboração do cartaz da CF 2020), os participantes puderam conhecer a experiência concreta de Henrique Peregrino da Trindade, um francês que resolveu dedicar a vida a ser uma presença do amor de Deus entre os moradores de rua de Salvador. Henrique viveu voluntariamente por 10 anos como morador de rua na capital baiana, para partilhar a vida com quem vive nesse contexto difícil.
“A maior dor de uma pessoa é não ser amada. E nós, como discípulos de Jesus, nossa missão é amar. É lembrar às pessoas – principalmente àquelas que estão em situações difíceis, de dor, de trevas – que todos vêm da Luz e um dia vão voltar para a Luz. É dizer com a vida: ‘Vocês estão passando por uma situação de rua, de sofrimento, de escuridão, de vício. Mas isso não apaga a luz que vocês são”, disse Henrique, comovendo a todos os participantes do Seminário.
Hoje, Henrique passa as noites na Igreja da Trindade em Salvador, cedida pela Arquidiocese à comunidade fundada por ele, para que pudesse acolher os moradores de rua que querem buscar uma vida nova. “Às vezes a maior prova de amor que você pode dar a alguém é passar uma noite ao lado dela, dormindo num papelão, para dizer a ela que você está junto dela na dificuldade. Que você não tem medo dela. Que você confia nela e que ela pode ter uma vida diferente”, disse.
Na manhã do domingo (01), foi realizada a Santa Missa, presidida por Dom Estevam dos Santos Silva Filho, bispo auxiliar de Salvador e responsável por acompanhar a Campanha da Fraternidade no Regional NE3. Mas a pregação ficou a cargo de Dom Antônio Tourinho, que também estava na Casa de Retiros para um encontro da Pastoral da Sobriedade. Dom Antônio convidou a todos a abraçar a Campanha e lembrou que a Pastoral da Sobriedade foi colocada como prioridade no Regional NE3. “Creio que esse nosso encontro aqui é providencial. E almejo que uma ação concreta dessa Campanha seja a implantação a Pastoral da Sobriedade em todas as Dioceses e Paróquias da Bahia e Sergipe”, disse na homilia.
O encontro foi encerrado ao meio-dia do domingo, após um momento de avaliação e apresentação das ações concretas que as Dioceses e Sub-regiões se comprometera a aplicar para concretizar a CF 2020. No final do encontro, Pe. Patriky deu uma definição bem interessante do que é a Campanha da Fraternidade: “é o amor organizado que promove a vida e pratica o Evangelho”. Que em nossas Dioceses, possamos estar motivados a colocar em prática esse amor organizado que arregaça as mangas e ama com fatos os irmãos caídos que encontramos pelo caminho.
Fotos e texto: Mirrail Menezes / Pascom Regional NE 3