Após seis dias de participação na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Salvador e Secretário Geral do Regional Nordeste 3, Dom Gilson Andrade da Silva, fala sobre o maior evento da juventude católica. Durante a entrevista concedida à equipe do portal arquidiocesano de Salvador, Dom Gilson afirmou: “Todos podem sair desse encontro mais comprometidos com Deus, consigo e com os irmãos”. Confira!

Portal – Como a Igreja vê a evangelização da juventude no Brasil? Quais foram os passos dados na metodologia, na catequese, na articulação pastoral?

Dom Gilson Andrade da Silva – Com atenção particular e interesse. A juventude constitui uma prioridade nas escolhas pastorais que a Igreja tem feito, porém é próprio da juventude o dinamismo, por isso o que deu certo há vinte anos, hoje pode já não responder mais às exigências da vida dos nossos jovens. O trabalho da evangelização da juventude é muito diversificado e é preciso valorizar as diversas contribuições que têm encontrado resposta positiva no meio juvenil. Essa realidade tem sugerido a criação e o desenvolvimento do Setor Juventude, a fim de reunir todas as forças de pastoral juvenil para um trabalho mais de acordo com a realidade dos jovens de hoje.

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Portal – Depois de um ano de preparação, de envolvimento com a JMJ, o que a Arquidiocese está preparando para a juventude após o evento?

Dom Gilson – Acredito no protagonismo da juventude, por isso a resposta a essa pergunta não pode provir só das grandes estruturas, é necessário que os jovens possam também eles dizer algo sobre o depois. Podemos planejar muitas coisas, e temos algumas em mente, mas é preciso contar com o que o Papa irá propor e, sobretudo, com o que o Espírito suscitará nos corações dos nossos jovens. Vimos que quando se apresenta ao jovem uma proposta clara acerca da experiência da fé e eles percebem que isso tem a ver com o cotidiano da vida, eles respondem com generosidade. De qualquer forma já temos um encontro marcado para os jovens que participaram da JMJ no dia 18 de agosto.

Portal – O que o encontro com o Papa representa para a evangelização no momento atual? O que essa aproximação com a juventude pode significar para a Igreja?

Dom Gilson – Lembro-me que Bento XVI disse no encontro com os jovens no Pacaembú, em 2007, que os jovens não eram apenas o futuro da Igreja e da humanidade, mas o presente jovem da Igreja e da humanidade e lembrava que «sem o rosto jovem a Igreja se apresentaria desfigurada». Encontrar o Santo Padre não é o mesmo que assistir um espetáculo com um grande nome da mídia, pois esse encontro compromete a vida. O Papa nos questionará, nos iluminará com a palavra autorizada da Igreja e nos fará propostas. Todos podem sair desse encontro mais comprometidos com Deus, consigo e com os irmãos.

Portal – A Igreja vive um momento em que a sua imagem é fragilizada, devido aos escândalos sexuais e a denúncia do Banco do Vaticano, por exemplo. Mas, no entanto, a JMJ proporcionou outro momento, em que a mídia apresentou uma imagem positiva da Igreja. O que será feito para manter essa imagem?

Dom Gilson – É preciso recordar que não vivemos daquilo que dizem de nós, mas estamos sempre diante de Deus. Todas essas crises eclesiais decorrem do esquecimento de que o caminho de autenticidade dos membros da Igreja é sempre aquele indicado pelo Senhor: «Sede santos como o vosso Pai celeste é santo» (Mt 5,48). Quando isso é descuidado, a primeira realidade a ressentir é a evangelização que é sempre um transbordar da vida de Cristo que o cristão procura viver. A credibilidade da Igreja vem da presença do seu Senhor dentro dela e Ele se deixa encontrar em todos os tempos também através dos cristãos e de sua vida coerente com a vida nova recebida no Batismo.

Portal – Sabemos que não só a juventude está sendo atingida por este momento, mas a Igreja como um todo. Como o senhor avalia esse momento?

Dom Gilson – Os filhos da Igreja não podem desviar o seu olhar do Senhor. A Igreja é o Corpo de Cristo! A presença do pecado em nosso meio nos deve levar a reconhecer a realidade da fragilidade humana e a necessidade do primado da ação de Deus na nossa vida. É atualíssima a exortação de São Paulo de deixar-nos conduzir pelo Espírito de Deus. Podemos tirar grande benefício desse momento se acolhemos o chamado a uma renovada conversão. O Papa Bento e agora o Papa Francisco têm nos indicado o caminho das coisas essenciais. Creio que esse momento é também para nós uma oportunidade de redescobrir a beleza simples de crer e da essencialidade da caridade na nossa vocação cristã.

Portal – Que mensagem o senhor gostaria de deixar para a juventude soteropolitana?

Dom Gilson – A preparação da JMJ desde abril do ano passado, fez-me ver quanto pode a nossa juventude quando se apoia em Deus e procura se unir ao redor de um ideal que vale a pena. Diante das coisas que hoje pretendem roubar nossa capacidade de sonhar, querendo transformar a vida em pesadelo, estejam certos de que o Senhor os olha com amor e esse olhar de Cristo é capaz de lhes dar forças para superar tudo o que pretende condicionar o jovem a viver uma vida sem sentido, repetindo exemplos que estão fadados ao fracasso. Se o presente do jovem é marcado pelo ideal de Cristo, o futuro se abre cheio de esperança e de luz para um tempo novo e melhor nesse nosso mundo.

Por: Arquidiocese de Salvador.

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