“Nos dias de 30 de junho e 04 de julho, tive oportunidade de participar do 6º Encontro de Formação Missionária para os Seminaristas do Nordeste (FORMISE NE) que aconteceu em Aracaju. O tema escolhido para este ano foi: A formação missionária dos seminaristas: desafios e perspectivas e o lema Não tenhais medo! (Mt 14, 27).
O encontro me permitiu ampliar os horizontes acerca da formação presbiteral, avaliar como estou correspondendo a Deus e ao Reino, quais os meus avanços e em que preciso melhorar. Conheci vários seminaristas e tomei conhecimento de várias realidades formativas.
Também constatei que a realidade da Igreja do Brasil, em especial no Nordeste do país, possui um rosto missionário; há uma sensibilidade com a Missão Continental e com o desejo do papa Francisco: “não quero uma Igreja tranquila, quero uma Igreja missionária” (Evangelii Gaudium).
As conferências e partilhas dos assessores foram muito enriquecedoras e algumas frases deles me marcaram profundamente. Cito, abaixo, algumas delas.
O Pe. Estévão Raschietti, diretor do Centro Cultural Missionário, em Brasília, refletiu sobre A missão como essência e o DNA dos seminaristas e, entre outras coisas, disse:
ü A missão não é finalidade, mas sim um caminho;
ü Participando da missão, o discípulo caminha para a santidade. Por isso, a santidade não é fuga para o intimismo;
ü A autoridade de Jesus não é a do diabo que diz: se você fizer isso, tudo em volta será teu. A autoridade de Jesus é serviço;
ü Missão é fazer além daquilo que já fazemos;
ü A missão ad gentes é o exato tamanho da nossa fé.
Pe. Antônio Niemiec, coordenador do Conselho Missionário Regional (COMIRE NE3), abordou a questão da Conversão pastoral da paróquia, a partir do conteúdo do Documento 100 da CNBB e constatou que:
ü A identidade da Igreja é mudança constante. Quando não há mudança há um crise de identidade;
ü Há estruturas eclesiais que podem chegar a impedir um certo dinamismo evangelizador;
ü O papa pede que os seminários não sejam um porto seguro, uma zona de conforto;
ü É preciso repensar e acabar com algumas estruturas caducas.
Dom Giovanni Crippa, bispo da diocese de Estância-SE, falou da Alegria de ser discípulo missionário na Evangelii Gaudium, dizendo:
ü Quem ama uma pessoa fala bem dela. Quem ama Jesus fala dele. Se não fala, é porque falta amá-lo de verdade;
ü A vida se alcança e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros;
ü A liturgia da Igreja é como uma mulher grávida; é chamada a gerar, não desfilar ou enfeitar. A liturgia nunca é um enfeite.
Há uma outra reflexão que gostaria de partilhar. Percebo que existe uma tendência romanizante – no sentido negativo – entre muitos seminaristas. Há uma pressão para atender a esta onda romanizante que se impõe no vestir, no falar, no trato com os outros, no rezar e nas aspirações acerca da vocação. O que é pior é que ela é fomentada pelos próprios seminaristas. Vejo, por exemplo, muitos irmãos que usam camisa clerical, tanto no seminário como nas atividades pastorais. Mas, nós ainda não somos clérigos e o presbiterato não é um status, não é um meio de imposição em relação aos outros, é uma graça do único e verdadeiro sacerdote, Jesus Cristo. O FORMISE vem nos sensibilizar e ajudar a não queimarmos as etapas de nosso discipulado.
Em suma, é muito louvável o projeto de uma formação missionária para seminaristas a nível de Nordeste. Serve para ajudar a discernir a vocação, conhecer outras realidades, nos avaliarmos e conhecermos outras realidades diocesanas. Durante os dias de encontro, refleti bastante sobre como estou caminhando. Volto para o seminário muito motivado e com firme esperança de progredir.”
Wanderson Aminadab Barros Oliveira (4º ano de filosofia)
Arquidiocese de Vitória da Conquista