Em outubro deste ano, a Igreja realizará a Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, no Vaticano. Entre os prelados, participará, representando o Brasil e o Regional Nordeste 3, Dom Dirceu de Oliveira Medeiros, bispo da Diocese de Camaçari, na Bahia. A divulgação da lista com os nomes dos membros deste Sínodo aconteceu no último dia 7 de julho, e para falar sobre esta representatividade, o Setor de Comunicação da CNBB Regional Nordeste 3 entrevistou Dom Dirceu. Confira:

Setor de Comunicação da CNBB Regional NE 3 – Como o senhor recebeu a notícia da eleição e qual será a missão desenvolvida no Sínodo Geral sobre a Sinodalidade?

Dom Dirceu de Oliveira Medeiros – Recebi com alegria e com senso de responsabilidade. O episcopado brasileiro, na última assembleia ordinária, me encarregou de representá-lo. Portanto, recebi com um misto de alegria e de temor, considerando a dimensão da responsabilidade. Mas, acima de tudo, como uma Graça de Deus, pois trata-se de um momento rico na Igreja.

 

Setor de Comunicação da CNBB Regional NE 3 – Qual a expectativa do senhor para este que é um momento tão importante na vida da Igreja?

Dom Dirceu de Oliveira Medeiros – A expectativa é a de que possamos deixar o Espírito falar. Ele deve ser o protagonista nesse processo sinodal. O Instrumentum Laboris (documento base do Sínodo) diz que um sínodo tem estreita relação com a liturgia, inclusive é mais adequado dizer que é celebrado. Observem esse trecho do documento: “A Assembleia Sinodal não pode ser entendida como representativa e legislativa, em analogia com um organismo parlamentar, com a sua dinâmica de formação de maioria. Em vez disso, somos chamados a entendê-la por analogia com a assembleia litúrgica. A tradição antiga nos diz que um Sínodo é “celebrado”: ele começa com a invocação do Espírito Santo”. Papa Francisco tem reforçado essa compreensão e para isso urge formar e educar para a Sinodalidade, além de cultivarmos uma espiritualidade sinodal.

 

Setor de Comunicação da CNBB Regional NE 3 – Desde o início do processo de escuta sinodal, o senhor é membro da equipe de Animação do Sínodo 2023 no Brasil. Olhando para este caminho percorrido até agora, o que o senhor pode destacar como frutos, mesmo antes da Assembleia Geral, produzidos por toda a Igreja no país, sobretudo no Regional Nordeste 3?

Dom Dirceu de Oliveira Medeiros – Dois aspectos eu ressalto. Em nível diocesano, diria que somente o fato de nos colocarmos na escuta, em um mundo fragmentado e polarizado, já foi um sinal luminoso. E o Papa nos convidou a fazê-lo. Obtivemos uma resposta muito positiva. A maioria das dioceses do Brasil participou do processo de escuta na etapa diocesana. Já na etapa continental ficou evidente a riqueza do método da conversação espiritual ou do diálogo no Espírito, como prefere chamar o Instrumentum Laboris. Esse método é mais que um método, diria que é uma mística. Uma mística que favorece a abertura ao Espírito e promove uma escuta qualificada na Igreja. Penso que esse método, consagrado e revelado no caminho sinodal, será um instrumento precioso para a Igreja neste segundo milênio, uma vez que “a Sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja no segundo milênio”.

LITURGIA DIÁRIA