Arcebispos e bispos, padres, religiosos e leigos, coordenadores de Pastoral das arquidioceses e dioceses e coordenadores regionais de pastorais participaram da 61ª Assembleia de Pastoral do Regional Nordeste 3. O encontro foi realizado de 26 a 29 de agosto, no Centro de Treinamento de Líderes (CTL), em Salvador, e teve como tema central “Igreja, escola de oração, sinal de esperança e caridade”, abordado pelo subsecretário de Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Jânison de Sá

“Na expectativa das Novas Diretrizes, da caminhada sinodal e também já a caminho do Jubileu da Esperança, realizamos a nossa Assembleia de Pastoral, com as forças vivas do nosso Regional. Nos comprometemos em ser escola de oração, escola de esperança e escola de caridade. Na expectativa das Novas Diretrizes, temos essas boas indicações para um trabalho em conjunto, em sintonia para uma pastoral orgânica, para que nós caminhemos em comunhão, como deve ser”, disse o presidente do Regional Nordeste 3, Dom Dirceu de Oliveira Medeiros.

A Missa que marcou a abertura da Assembleia, em 26 de agosto, foi também um momento histórico para a Igreja nos estados da Bahia e de Sergipe: foram instituídos os 26 primeiros catequistas, sendo um de cada arquidiocese e diocese do Regional Nordeste 3. Presidida pelo Arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil, Cardeal Dom Sergio da Rocha, a Celebração Eucarística aconteceu na Basílica Santuário Senhor Bom Jesus do Bonfim. “Nós nos alegramos com os catequistas que estão sendo instituídos, agradecemos mais uma vez pelo sim manifestado nesse momento e, certamente, ao longo de todo esse serviço que já vem sendo prestado e que, agora, vocês passam a exercer como Ministério instituído pela Igreja”, disse Dom Sergio.

Acolhidos pela presidência do Regional, os participantes tiveram dias intensos de trabalhos, mas sempre marcados pela oração. Na manhã do dia 27, a Missa com Laudes foi presidida pelo bispo emérito da Diocese de Livramento de Nossa Senhora, Dom Armando Bucciol. Em seguida, como parte da programação, o coordenador de Pastoral do Regional, padre Jailson de Jesus, fez uma retrospectiva acerca da caminhada a partir da última assembleia, que foi realizada em 2023.

Um dos primeiros compromissos assumidos pelos participantes foi o de reforçar a divulgação, com ainda mais ênfase, a mensagem sobre as Eleições Municipais 2024, já publicada pelo episcopado da Bahia e de Sergipe [confira aqui]. Ainda neste dia, o padre Jânison Sá realizou a Análise de Conjuntura Eclesial. “Inicialmente, nós trabalhamos uma Análise de Conjuntura Eclesial, percebendo assim as mudanças ocorridas em relação à ética religiosa que têm ocorrido na sociedade, e isso tem provocado incompreensões em nossas ações pastorais e evangelizadoras. Por isso, foi importante conhecer, refletir e buscar caminhos”, disse.

Outro assunto abordado e de grande relevância foi a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC), que é uma entidade civil de direito privado, com personalidade jurídica própria, dedicada à recuperação e reintegração social dos condenados a penas privativas de liberdade. O tema foi abordado pela desembargadora, Dra. Joanice Maria Guimarães, que explicou sobre a atuação da APAC nos presídios, operando como entidade auxiliar dos poderes Judiciário e Executivo para o cumprimento da pena, mas, ao mesmo tempo, promovendo a humanização das prisões. Além de oferecer um método de valorização humana lado a lado com a evangelização, a APAC visa evitar a reincidência no crime, bem como oferece alternativas para a recuperação do condenado.

“A APAC é uma nova metodologia que trabalha a humanização dos condenados com o objetivo de recuperá-los, para que essas pessoas voltem à sociedade mais preparadas, com trabalho, com estudo, com organização, ao lado de suas famílias, e eles são apoiados por essa instituição que dá corpo a toda lei de execuções penais. A APAC cumpre fielmente o objetivo da lei, que é, além de dar cumprimento às penas, fazer a ressocialização dos sentenciados, que são chamados de recuperandos. Com isso, eles recuperam a dignidade, a autoestima e pagam perante a comunidade através da responsabilização com relação à vítima, que não é esquecida e está incluída no programa. A APAC abarca todas as dimensões que dizem respeito ao delito, para que seja minimizado todo o sofrimento que foi causado através da recuperação não só do condenado, mas na reparação da vítima também. A Igreja pode contribuir como sempre contribuiu, através da missão da Pastoral Carcerária, que dá todo o apoio”, disse a desembargadora.

Na tentativa de criação da Comissão de Bens Culturais, o assessor do Setor Cultura e do Setor Bens Culturais da Comissão Episcopal para Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Luciano da Silva Roberto, levou informações importantes à Assembleia de Pastoral do Regional Nordeste 3, acerca do patrimônio eclesiástico tombado, no Brasil, mas, sobretudo na Bahia e em Sergipe. Na oportunidade, foi apresentada uma pesquisa realizada e organizada pelo sacerdote, através de dados coletados junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e das informações das arquidioceses e dioceses dos 19 Regionais da CNBB.

De acordo com esta pesquisa, na região Nordeste do país são 182 bens eclesiásticos tombados e 241 bens seculares, o que corresponde ao total de 425. Já na Bahia, são 73 bens eclesiásticos e 120 bens seculares – com o total de 193; e em Sergipe são 18 bens eclesiásticos tombados e 12 bens seculares, o que corresponde a 27, no total. O padre Luciano também sanou dúvidas e ofereceu algumas orientações quanto a questões relacionadas ao patrimônio histórico, sobretudo àqueles tombados.

Durante a Assembleia de Pastoral do Regional, o secretário, Dom Dorival Barreto, apresentou, oficialmente, o Regulamento do Conselho Episcopal Regional (CONSER) – Regional Nordeste 3. O documento tem presente o Código de Direito Canônico, o Estatuto Canônico e o Regimento Interno da CNBB, e dispõe sobre a natureza, fins e missão do CONSER; a constituição, organização e competência; as assembleias, a participação e representação no Conselho Permanente. O texto apresenta, ainda, informações sobre a presidência, com suas competências, bem como sobre a constituição do Conselho Episcopal Pastoral (CEP).

O Secretariado Regional, órgão executivo permanente à serviço da coordenação, da continuidade e eficiência das atividades do CONSER/NE3, também foi contemplado no Regulamento, que trata ainda sobre os sub-regionais, as Comissões Pastorais, o serviço de contabilidade, o conselho fiscal, a administração dos bens e os bispos eméritos.

O Jubileu da Esperança foi abordado pelo bispo da Diocese de Cruz das Almas, Dom Antonio Tourinho Neto. Nas assembleias, a presidência do Regional Nordeste 3 abre espaço para que todos possam participar, em uma ação verdadeira de escuta: Pastoral Carcerária, Pastoral da Pessoa Idosa, Pastoral da Educação, entre outras, apontaram assuntos importantes, que mereceram a atenção de todos os participantes.

Também mereceu destaque o projeto “Cuidar da Vida – Prevenção ao suicídio de adolescentes e jovens”, assunto conduzido pelo padre Josuel Jesus, do clero da Arquidiocese de São Salvador da Bahia. Embora seja um tema delicado, o sacerdote destacou a importância de se trabalhar as questões relacionadas ao suicídio junto aos jovens do Setor Juventude das arquidioceses e dioceses. Vale ressaltar a presença da juventude, com o articulador regional, Igor Samuel.

Os arcebispos e bispos também realizaram reuniões privativas e por Províncias Eclesiásticas: São Salvador da Bahia, Vitória da Conquista, Feira de Santana e Aracaju; já os demais participantes conversaram sobre a aplicabilidade do tema central nas pastorais, arquidioceses e dioceses, momento orientado pelo coordenador regional de Pastoral, padre Jailson Jesus.

As Comissões Pastorais do Regional Nordeste 3 estiveram reunidas, são elas: Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, Comissão para o Laicato, Comissão para a Ação Missionárias e Cooperação Intereclesial, Comissão Bíblico-catequética, Comissão para a Liturgia, Comissão para Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso, Comissão para a Ação Sócio-transformadora, Comissão para a Educação e Cultura, Comissão para a Vida e a Família, Comissão para a Juventude, Comissão para a Comunicação.

Assim como a nível nacional, as Comissões Pastorais do Regional Nordeste 3 têm como objetivo promover a pastoral orgânica, com suas dimensões e setores especializados. Cada comissão é acompanhada por um Bispo Presidente, escolhido, pelos bispos, em reunião do Conselho Regional (CONSER), para um quadriênio, devendo coincidir com o período de quatro anos da Presidência do Regional. Estas comissões devem promover, periodicamente, encontros de formação, articulação, intercâmbio, planejamento de ações comuns e avaliação dos diversos setores de atuação pastoral que as integram.

“Nós lançamos algumas indicações pastorais, a partir do tema central que foi trabalhado. Enquanto escola de caridade, procuramos ouvir as pessoas para mobilizar melhor os nossos recursos, a nossa gestão; intensificando a Pastoral do Dízimo, o Conselho de Pastoral, os Conselhos Econômicos, vendo também como as dioceses podem contratar pessoas especializadas na realização de projetos, em vista das pastorais sociais e projetos culturais”, disse o coordenador regional de Pastoral, padre Jailson Jesus.

Padre Jailson destacou ainda que, como escola de oração, a Igreja deve aproveitar as estruturas já existentes, dando ênfase à oração, celebrando melhor a fé, através dos Círculos Bíblicos e da escuta orante da Palavra de Deus. “Já a Igreja como escola de oração, temos o verbo que nos norteia, o mesmo utilizado pelo Papa Francisco, que é o esperançar. Então, precisamos criar momentos de esperança, que esse tema possa ser utilizado em momentos que criem espaço para a escuta e para a preservação da vida. É isso o que nós queremos: despertar esperança no coração das pessoas, a partir do Jubileu da Esperança. Trabalhamos tudo isso já nos preparando para as Novas Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil”, conclui.

Fotos: Sara Gomes

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