O ano litúrgico, isto é, o ano da Igreja, começa no 1º domingo do Advento – hoje, portanto –, e termina na solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo. Ao longo dele, somos convidados a viver as grandes etapas da História da Salvação: a promessa que Deus fez de um Salvador; a preparação de sua vinda; a encarnação e a vida pública de Jesus; sua paixão, morte e ressurreição; sua volta ao Pai; o envio do Espírito Santo e a peregrinação do Povo de Deus rumo à Pátria definitiva. Na caminhada ao longo do ano litúrgico, mais do que recordar fatos e palavras divinas, nós, membros do povo de Deus, somos chamados a renovar nossa vida, a nos deixar conduzir por um novo espírito, abertos à ação da graça de Deus. Essa ação é sempre nova, como são sempre novos o amor e a misericórdia divina.
caminhosO tempo do Advento, isto é, as quatro semanas antes do Natal, nos coloca dentro da longa espera pelo Messias prometido, vivida pelo povo de Israel ao longo de séculos. A Igreja faz memória do acontecimento histórico e da expectativa dos nossos irmãos do Antigo Testamento. Fazer memória é viver hoje o que aconteceu no passado. Dessa maneira, caminhamos ao encontro de Cristo, que vem a nós no Natal, e nos preparamos para sua vinda gloriosa, no final dos tempos. Durante esse tempo, três pessoas podem nos ajudar de maneira especial: Isaías, João Batista e Maria Santíssima.
Isaías viveu no sétimo século antes de Cristo, um dos períodos mais difíceis da história do Povo de Deus. Naquela época, o Egito e a Assíria disputavam o domínio da Palestina. Isaías viu seu país ser invadido e destruído mais de uma vez. Embora tivesse bom relacionamento com a classe dominante de seu povo, sua pregação não era ouvida. Ao contrário: seus ouvintes tornavam-se cada vez mais indiferentes, desprezando-o o e ridicularizando-o. Isaías, contudo, não se calava. Suas palavras, marcadas pela esperança, ressoam ainda hoje: “Preparai no deserto o caminho do Senhor, aplainai na solidão a estrada de nosso Deus… A glória do Senhor se manifestará… Eis o vosso Deus, eis que o Senhor Deus vem com poder, seu braço tudo domina… Como um pastor, ele apascenta o rebanho, reúne, com a força dos braços, os cordeiros e carrega-os ao colo” (Is 40, 3.5.10-11).
João Batista, consciente de que sua missão consistia em preparar esses caminhos apontados por Isaías, convidou o povo à conversão: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo… Produzi frutos que provem a vossa conversão… Toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada no fogo. Aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu… Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3,2.8.10-11).
Maria Santíssima, na Anunciação, foi a primeira pessoa a conhecer quem seria o Messias prometido por Deus: seria o próprio Filho de Deus (Sim! Deus tem um Filho e, por isso, pode e deve ser chamado de Pai!). Com seu “sim” – “Faça-se em mim segundo a tua palavra“ (Lc 1,38) – Maria colaborou decisivamente para que o Filho de Deus assumisse nossa carne e habitasse no meio de nós. Agora, a humanidade pode novamente se alegrar: Deus, o Emanuel, passa a caminhar em nossas estradas.
Para viver intensamente o Advento, temos, pois, ajudas preciosas: a de Isaías, que nos ensina a procurar o Salvador com coragem e constância; a de João Batista, que nos lembra a importância da retidão de vida e da franqueza; e a de Maria, a Mãe de Jesus, que nos recorda a necessidade da disponibilidade e da confiança. Os três, juntos com uma multidão de irmãos e irmãs que nos antecederam, nos ensinam a viver esse tempo com uma expectativa que está bem sintetizada no grito que se encontra no final do último livro da Bíblia, o Apocalipse: “Vem, Senhor Jesus!” (Ap  22,20). Se esse ardente desejo estiver em nosso coração e em nossos lábios, ao longo das quatro semanas do Advento, estaremos em condições de acolher os dons que o Senhor deseja derramar sobre nós e sobre o mundo neste final do ano da graça de 2014.

LITURGIA DIÁRIA